Parte I – Sobre proponente e co-proponente
- Proponente
Nome: Keith Fabre Macedo
Estado: Rio de Janeiro
Região: Sudeste
Setor: Comunidade Científica e Tecnológica
- Co-proponente
Nome: Arthur Mendonça Sasse
Estado: Rio de Janeiro
Região: Sudeste
Setor: Comunidade Científica e Tecnológica
Parte II - Sobre o Workshop
Resumo do workshop
Em um mundo onde dispositivos digitais se tornaram peças centrais em rotinas, planos e atividades, ferramentas há poucos anos existentes transformaram o estilo de vida de populações com rapidez exponencial. Neste cenário, a dependência digital se tornou cada vez mais comum, com diversos impactos na saúde mental e física de indivíduos. Este debate busca abordar este fenômeno sob diferentes pontos de vista, considerando causas, responsáveis e formas de mitigação dos efeitos negativos.
OBJETIVOS E CONTEÚDOS DO WORKSHOP
Na história da humanidade, certas invenções marcaram momentos cruciais de profunda mudança no modo de vida. Dentre as revoluções tecnológicas, a revolução da informação marcou uma mudança de paradigmas de comunicação, compartilhamento e consumo de informações. Após séculos de meios que limitavam a propagação de informações, o avanço da tecnologia, com dispositivos acessíveis alinhados a plataformas digitais atraentes e envolventes, trouxe à tona a problemática da superexposição à informação, causada pelo consumo desequilibrado dos conteúdos disponíveis no mundo digital. Rapidamente, dispositivos, que até então consistiam apenas em ferramentas para facilitar tarefas humanas, passaram a ser considerados integrantes indispensáveis de rotinas, atividades, eventos e vidas. O uso excessivo e descontrolado dos dispositivos digitais foi denominado dependência digital, com muitos indivíduos desenvolvendo este “vício” na tecnologia. No entanto, segundo a Dra. Jenny Radesky, pediatra e pesquisadora da Universidade de Michigan, há um problema em utilizar o termo vício: ele localiza o problema no indivíduo e não no ambiente digital que molda seu comportamento. É com essa consideração que este workshop se orienta. Em uma era em que o design das tecnologias modernas é deliberadamente desenvolvido para criar hábitos baseados em recompensas psicológicas, propomos discutir quais interesses estão por trás desse desenvolvimento, quem são os responsáveis pela criação e regulação desse ambiente, e quais os impactos no nível individual e social — que variam conforme a vulnerabilidade de diferentes grupos. Além disso, examinaremos os aspectos psicológicos envolvidos no cultivo desse "vício" e outras questões, promovendo uma discussão multissetorial com atores que trazem diversas visões e perspectivas sobre este tema que, apesar de muitas vezes simplificado a recomendações feitas a usuários para usarem de forma consciente seus dispositivos, é composto por várias camadas que merecem atenção.
RELEVÂNCIA DO TEMA PARA A GOVERNANÇA DA INTERNET
Dentro do Ecossistema da Governança da Internet, o tema de Dependência Digital conversa com diversas discussões existentes. Dentre elas, o bem-estar de usuários da rede; o uso de dados pessoais para fornecer experiências personalizadas; privacidade, segurança e a regulação do uso de inteligência artificial dentro de plataformas; Dark Patterns e práticas manipulativas na Internet; e discussões sobre a saúde de usuários na rede, principalmente de grupos mais vulneráveis. A dependência digital é um problema crescente com grande impacto em crianças e em pessoas no espectro autista, que possuem dificuldade em perceber a passagem do tempo e quando um design persuasivo está sendo usado para os atrair. O uso compulsivo de dispositivos móveis também foi relacionado com sintomas de depressão, ansiedade e distúrbios de sono, associado também a diversos acidentes devido a motoristas distraídos. Esta dependência tecnológica pode ser considerada tanto uma consequência do uso desequilibrado dos recursos digitais quanto um resultado planejado. Tratando do ponto de vista da dependência digital como um resultado planejado, entram discussões sobre a influência de grandes empresas de tecnologia no conteúdo consumido online. Para que ambientes digitais se tornem atrativos, dados de uso na rede são analisados e categorizados para fornecimento de conteúdos de interesse direcionados a grupos de usuários. Neste ínterim, pessoas também são categorizadas em grupos de consumidores e possuem seus perfis vendidos para empresas oferecerem seus produtos. Dessa forma, no meio da experiência do usuário entram interesses econômicos de empresas globais. Ademais, certas plataformas também se beneficiam de políticas de zero rating, tráfego gratuito em dados móveis para acesso a seus serviços, o que invoca discussões sobre centralização do acesso, direitos do consumidor, neutralidade da rede e soberania digital.
FORMA DE ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA MULTISSETORIAL PROPOSTA
A moderadora fará uma introdução sobre o painel e os convidados, em 5 minutos. Em seguida, os convidados terão 12 minutos cada para apresentar os seus pontos principais sobre o tema. 30 minutos serão reservados para perguntas da plateia e os 5 minutos finais para o resumo do relator. A estrutura esperada para desenvolver o tema é começar pela perspectiva psicológica e social da dependência digital (“Como a dependência digital se manifesta? Quem é mais afetado por esse fenômeno?”), entender como os direitos dos usuários e a regulação no Brasil e no mundo interagem com essa questão (“Como as leis e as agências reguladoras tratam a dependência digital?”), conectar o problema individual com dinâmicas econômicas e geopolíticas (“A quem interessa a dependência digital? Como a dependência se manifesta para além dos usuários?”), e fechar com iniciativas que estão em prática no momento para mitigar esse problema (“O que está sendo feito no momento? Como posso contribuir?”).
FORMAS DE ENGAJAMENTO DA AUDIÊNCIA PRESENCIAL E REMOTA
Para engajar as plateias presencialmente e online, além da participação com comentários e perguntas, utilizaremos uma dinâmica interativa que estimule os ouvintes a refletirem sobre a sua relação com a tecnologia. Será disponibilizado um link e um QR Code de uma plataforma de pesquisas, como o Mentimeter, permitindo que os participantes selecionem situações rotineiras nas quais já se encontraram, visando ilustrar cenários reais de superconexão que, muitas vezes, passam despercebidos. Antes do painel, o link será divulgado nas redes sociais para incentivar a participação prévia, e, no início do evento, será reforçado o convite para responder à pesquisa. O resultado será revelado ao final do workshop, permitindo que os participantes visualizem de forma concreta como a superexposição digital está profundamente ligada ao seu cotidiano. Esperamos aproximar o painel da realidade dos usuários, promovendo uma reflexão genuína e personalizada sobre o impacto da tecnologia em suas rotinas.
RESULTADOS PRETENDIDOS
Através deste painel buscamos gerar uma percepção mais profunda sobre o impacto de tecnologias modernas no comportamento humano, enfatizando a dependência digital como um fenômeno moldado pelo ambiente digital e não apenas como resultado de ações individuais de usuários da rede. Esperamos que através da reunião de especialistas de diferentes áreas se identifique interesses econômicos e sociais por trás do desenvolvimento de tecnologias baseadas em recompensas psicológicas, discutindo desafios éticos associados à sua regulação enquanto se examina os impactos gerados em usuários. Como resultado, buscamos proporcionar uma discussão que aborde não apenas as propostas de uso saudável da rede, mas que também incentive uma abordagem multissetorial capaz de englobar fatores tecnológicos, psicológicos e sociais.
RELAÇÃO COM OS PRÍNCIPIOS DO DECÁLOGO
Liberdade, privacidade e direitos humanos
TEMAS DO WORKSHOP
ISCI – Cidadania digital | PRIS - Proteção de dados, privacidade e segurança | TSAU - Bem-estar digital |
ASPECTOS DE DIVERSIDADE RELEVANTE
Gênero | Cor ou raça | Região |
COMO A PROPOSTA INTEGRARÁ OS ASPECTOS DE DIVERSIDADE
Na construção da mesa buscamos diversidade de gênero, raça e região, com representação das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte do país nos palestrantes, relatoria e mediação. Ademais, profissionais de diferentes áreas permitirão obter diferentes visões para o tema. Em relação ao conteúdo, buscamos abarcar mais de um sentido para a expressão "dependência digital", começando pelo panorama psicológico, e a partir dele expandindo o tema para o campo dos direitos do consumidor e regulação da tecnologia, para a dependência geopolítica das tecnologias em questão e dos seus proprietários, além de iniciativas para lidar com o problema que atravessem as esferas individuais, coletivas e nacionais.